Banco do Tempo?

Fotografia de Futile in www.olhares.com

Quem é que não se queixa de falta de tempo para resolver todos os problemas do dia-a-dia? Quem é que não gostaria de poder ajudar mais os outros e de poder participar activamente na vida da sua comunidade?
Toda a gente, claro. Mas voltamos sempre à mesma questão: não há tempo. Ou melhor, não havia. Porque agora há uma forma de rentabilizar a sua boa vontade e o seu espírito solidário. Basta abrir uma conta no Banco de Tempo. Uma conta pessoal com ganhos essencialmente colectivos.
Esta ideia tem como Princípios:
1. Todos temos algo a dar e a receber: obrigatoriedade de intercâmbio. O Banco de Tempo não é uma estrutura em que se dá sem receber em troca, nem em que se recebe sem dar nada em troca.
2. Não há troca directa de serviços: o tempo prestado por um membro é-lhe retribuído por qualquer outro membro.
3. Troca-se tempo por tempo: a unidade de valor e de troca é a hora.
4. Todas as horas têm o mesmo valor: não há serviços mais valiosos do que outros, nem escalas de valor de serviços. O serviço prestado não tem de ser igual ao recebido.
5. A circulação de dinheiro só é possível para reembolso, previamente acordado, de despesas específicas e documentadas.
6. Os serviços prestados correspondem a actividades não profissionais que se realizem com gosto: a troca assenta na boa vontade, na lógica das relações de “boa vizinhança”.
E os Objectivos deste conceito são:
1. Apoiar a família e a conciliação entre a vida profissional e a vida familiar através da oferta de soluções práticas da organização da vida quotidiana.
2. Construir uma cultura de solidariedade e promover o sentido de comunidade, o encontro de pessoas que convivem nos mesmos espaços, a colaboração entre gerações e a construção de relações sociais mais humanas.
3. Valorizar o tempo e o cuidado dos outros, estimular os talentos e promover o reconhecimento das capacidades de cada um.
4. Promover a cooperação entre várias entidades públicas ou privadas.
O Banco de Tempo funciona da seguinte forma: qualquer investidor que esteja disposto a dar uma hora do seu tempo para prestar um conjunto de serviços, recebe em retribuição uma hora para utilizar em benefício próprio.
O Banco de Tempo é um banco em tudo igual aos outros. Tem agências, horário, cheques, depósitos e a particularidade de utilizar o tempo como moeda de troca.
Uma Ideia no mínimo original.... que podem aprofundar melhor em:

É Urgente!

Fotografia de Lena Queiroz in www.olhares.com
urgente o amor.
É urgente um barco no mar.
É urgente destruir certas palavras,
ódio, solidão e crueldade,
alguns lamentos, muitas espadas.

É urgente inventar alegria,
multiplicar os beijos, as searas,
é urgente descobrir rosas
e rios e manhãs claras.

Cai o silêncio nos ombros
e a luz impura, até doer.

É urgente o amor,
é urgente permanecer."

Eugénio de Andrade

Nostalgia

Fotografia de Pedro Moreira in www.olhares.com

Ser Realista Sem Perder o Ideal

Fotografia de Gwenaël Bollinger in www.olhares.com
"É preciso viver com os pés na terra e a cabeça no céu.
Isto é, ser realista sem perder o ideal.
Aliás, um ideal (e não um idealismo) é uma meta concreta, possível, onde se pretende chegar.
Por isso, a primeira coisa que a pessoa de ideais tem a fazer é conhecer muito bem a sua realidade.
Só conhecendo e amando essa realidade, saberá fazê-la crescer e purificá-la do que não é ideal."

Pe Vasco Pinto de Magalhães, in 'Não Há Soluções, Há Caminhos'

Dança da Alma

Fotografia de Cybelle Christina Silveira da Silva in www.olhares.com
Apetetece-me dançar... ser bailarina!
dar a mão ao vento e deixar-me levar...
assim... como uma pena leve...
que não luta contra a corrente...
mas que se deleita no seu suave deambular!
Quero! É isso que quero... porque sabe bem e me faz bem!
Respirar com a minha pele esta sensação de leveza da alma...
Apetece-me dançar... para libertar a alma e assim me entregar!

Prado florido...

Fotografia de Catía da Rocha in www.olhares.com

Coisas pequenas

Coisas pequenas são
Coisas pequenas
São tudo o que eu te quero dar
e estas palavras são, coisas pequenas
que dizem que eu te quero amar
Amar, amar, amar
só vale a pena
se tu quiseres confirmar
que um grande amor não é, coisa pequena,
que nada é maior que amar
E a hora, que te espreita, é só tua
decerto não será só a que resta,
a hora que esperei a vida toda
é esta
é esta
E a hora, que te espreita, é derradeira
decerto já bateu à tua porta
a hora que esperaste a vida inteira
é agora
é agora

Letra de Pedro Ayres Magalhães (Madredeus)

Livre caminhar

Fotografia de Rosalina Afonso in www.olhares.com

Vamos espremer este Limão?

fotografia de João Azevedo
in www.olhares.com

PIERROT - Gostava de ser como tu, pois fazes quanto queres e eu, que não quero senão a uma, essa mesma não a tenho!
ARLEQUIM - Pois quem me dera querer tanto só a uma como tu para então servi-la como a nenhuma!
PIERROT - Palavras e mais palavras! Se quisesses só a uma, como eu, deixavas logo de ser Arlequim e já não podias nada por Ela!
ARLEQUIM - Isso é o que havemos de ver! Deixa-me cá encontrar A que eu procuro. e então saberás quem é o Arlequim!
PIERROT - Procurar é fácil; pior é depois de encontrar o que se procura: torna-se impossível realizá-lo!
ARLEQUIM - Queres dizer com as tuas palavras que já encontraste o que procuravas?
PIERROT - Encontrei e não procurei: apareceu-me!
ARLEQUIM - Isso é que foi sorte, hem? Vir ter às mãos sem trabalho nenhum!
PIERROT - Foi a sorte que o quis assim.
ARLEQUIM - Mas, pelo que vejo, a sorte não te serviu de nada!
PIERROT - Ninguém te diz que a minha sorte é boa.
ARLEQUIM - Nem era necessário dizê-lo,
PIERROT - Nem boa nem má: é a sorte!
ARLEQUIM - Não digas asneiras! A sorte não existe; o que existe é a coragem!
PIERROT - Eu tenho a coragem da minha sorte!
ARLEQUIM - Tu deves ter aprendido muitas coisas aí nesse canto onde estás sempre metido.
PIERROT - Eu sei o que sei e nada mais.
ARLEQUIM - Não há dúvida; mas o que não sabes é viver! Anda daí um dia comigo e verás como sou conhecido em toda a parte por causa da minha alegria!
PIERROT - Se eles te vissem quando voltas para casa depois de teres estado por toda a parte!
ARLEQUIM- O que acontecia?
PIERROT - Veriam que tinhas deixado a alegria por toda a parte, pois que voltas para casa sem nenhuma.
ARLEQUIM - Ora, ora! Durante a noite vem sempre mais alegria para o dia seguinte.
PIERROT - E no dia seguinte voltas outra vez para casa, sem nenhuma!
ARLEQUIM - Porque a gastei! mas nessa noite torna a vir mais alegria pró dia seguinte, Vê-se mesmo que não percebes nada de alegria: se a não gastasse toda, no dia seguinte não havia alegria nova, era ainda a atrasada.
PIERROT - E é sempre assim de dia e de noite?
ARLEQUIM - Isto até fazia perder a graça toda se soubesse o dia certo em que hei-de encontrar o que procuro! E ainda te digo mais: às vezes até chego a ter pena de vir a encontrar o que procuro, tão agradável é andar a procurar! Mas diz-me lá: o que é que tu percebes de alegria?
PIERROT - Alegria é não sentir necessidade de a procurar.
ARLEQUIM - Como tu, não é verdade? Que linda alegria que tu arranjaste, não haja dúvida!
PIERROT - Eu necessito da minha tristeza para saber onde estou, e se ando triste porque a não tenho, contudo sou feliz porque a encontrei e só a Ela quero!
ARLEQUIM - Pois a alegria, cá para mim, é andar, a procurá-la! E nada de tristezas, que fazem a gente velha. A chorar ou a rir o tempo passa da mesma maneira; portanto mais vale a rir. Olha! faze como eu: vai dizendo a verdade a rir, porque ela não fica melhor se for a chorar; portanto, mais vale a rir.
PIERROT - A rir.
ARLEQUIM – A rir!... #&%@”§
ARLEQUIM - Pois se eu agarro as coisas com estas minhas mãos, e sirvo-me delas, e uso-as, e gozo-as, e gasto-as até ao fim, sem deixar perder um único pedaço, e depois não fica nada, as mãos ficam-me vazias! Vazias! Exactamente como se nunca tivessem pegado em nada deste mundo, como se não tivessem nunca feito nada, como se eu nunca tivesse tido nada nestas minhas mãos!... Quanto mais tu, que não pegas em nada, que nem sequer mãos tens, que nada experimentas, que nunca te arriscaste a entrar na realidade, que não és capaz de dar um passo para nada deste mundo!... Farto de fantasias ando eu até aos olhos! e até a minha cara se enchia de vergonha se houvesse alguma coisa que eu tivesse de aprender contigo, espantalho de trapo que não espantas nada, nem as moscas, e bem pelo contrário!
PIERROT - «Não posso compreender que Ela não seja minha se só a Ela amo e com tamanha perfeição!» Werther, de Goethe.
ARLEQUIM - Ouve lá: Ela sabe ao menos que tu existes?
PIERROT - Ouviste o que eu pensei?
ARLEQUIM - Pudera que ouvi! Parece-me que não sou surdo.
PIERROT - Só Ela não ouvirá nunca!
ARLEQUIM - Dissesses-lho tu alguma vez que Ela o ouviria!
PIERROT - Não, não o ouviria.
ARLEQUIM - Então é surda!
PIERROT - Não, não é surda.
ARLEQUIM - Então é estúpida!
PIERROT - Não, não é estúpida.
ARLEQUIM - Então é... E não querem ver esta agora? Então eu não estava a dar-te trela?! Olha: sabes o que mais? Em vez de andares a sonhar aí pelos cantos e sem fazeres nada, era bem melhor que visses a vida como ela é e te sujeitasses como toda a gente a um ofício que te desse de comer e de vestir e onde ficasses durante a noite à tua custa!
PIERROT - Sujeitar-me a um ofício, dizes tu? Eu não posso sujeitar-me senão a Ela! E que outro ofício posso ter senão amá-La?
ARLEQUIM - Nesse caso queres um conselho ? Aparece diante d'Ela nessa linda figura e então ouvirás a verdade da sua própria boca: Então já viram? Olha o lindo presente que me davam para marido!
PIERROT - Não, não irei vê-La.
ARLEQUIM - Também acho melhor .
PIERROT - Eu vou fugir para muito longe.
ARLEQUIM - Não é necessário, descansa: fica aí mesmo a sonhar. E eu vou aproveitando o melhor possível os bocados desta vida, que é só uma - ouviste bem? Que é só uma, infelizmente, mas eu hei-de espremê-la muito bem espremidinha até ao fim, e espero que não há-de ter ficado nada por fazer! Tu nunca ouviste dizer:
Quem é lobo faz como lobo, e isso conhece-se logo?
Fotografia de Alice Costa in www.olhares.com
"Um jovem foi visitar um sábio questionando-o sobre os sentimentos que tinha pela sua esposa. O sábio escutou-o e disse-lhe apenas uma coisa:
-Ame-a!
- Mas … - questionou o jovem.
- Ame-a - disse-lhe novamente o sábio.
Perante a surpresa do jovem, o sábio continuou:
- Amar é uma decisão e não um sentimento. Amar é dedicação, é verbo. O fruto dessa acção é o amor. Amor é jardinagem. Arranque as ervas daninhas, prepare o terreno, semeie, regue e seja paciente. Haverá pragas, secas e enxurradas, mas não abandone o seu jardim. Nunca! Valorize, respeite, dê afecto, ternura, admire e compreenda. Simplesmente: Ame!
A inteligência sem amor torna-te perverso.
A justiça sem amor torna-te implacável.
A diplomacia sem amor torna-te hipócrita.
O êxito sem amor torna-te arrogante.
A riqueza sem amor torna-te avarento.
A docilidade sem amor torna-te servil.
A pobreza sem amor torna-te orgulhoso.
A beleza sem amor torna-te ridículo.
A autoridade sem amor torna-te tirano.
O trabalho sem amor torna-te escravo.
A simplicidade sem amor deprecia-te.
A lei sem amor escraviza-te.
A política sem amor deixa-te egoísta.
A vida sem AMOR não tem sentido."
Anônimo