Ideias & Ideais
memórias, pensamentos, delírios ou apenas ideias para partilhar e não para guardar...
PARA ATRAVESSAR CONTIGO O DESERTO DO MUNDO
Para atravessar contigo o deserto do mundo
Para enfrentarmos juntos o terror da morte
Para ver a verdade para perder o medo
Ao lado dos teus passos caminhei
Por ti meu reino meu segredo
Minha rápida noite meu silêncio
Minha pérola redonda e seu oriente
Meu espelho minha vida minha imagem
E abandonei os jardins do paraíso
Cá fora à luz sem véu do dia duro
Sem os espelhos vi que estava nua
E ao descampado se chamava tempo
Por isso com teus gestos me vestiste
E aprendi a viver em pleno vento
SOPHIA DE MELLO BREYNER (1919 - 2004)
A felicidade exige valentia.
Foto de Bigmac in olhares.com
"Posso ter defeitos, viver ansioso e ficar irritado algumas vezes mas, não
esqueço de que minha vida é a maior empresa do mundo, e posso evitar que ela vá à falência.
Ser feliz é reconhecer que vale a pena viver apesar de todos os desafios, incompreensões e períodos de crise. Ser feliz é deixar de ser vítima dos problemas e se tornar um autor da própria história.
É atravessar desertos fora de si, mas ser capaz de encontrar um oásis no recôndito da sua alma.
É agradecer a Deus a cada manhã pelo milagre da vida. Ser feliz é não ter medo dos próprios sentimentos. É saber falar de si mesmo. É ter coragem para ouvir um "não". É ter segurança para receber uma crítica, mesmo que injusta.
Pedras no caminho?
Guardo todas, um dia vou construir um castelo..."
Fernando Pessoa - 70º aniversário da sua morte
Foto de Zélia Paulo Silva in olhares.com
Quando os mundos se cruzam e a subtil fronteira entre eles nos perturba os sentidos... pensando estarmos a seguir o que os olhos nos dizem... descobrimos, e o corpo apercebe-se que a realidade é um pouco diferente... como reagimos a essa Surpresa inesperada? Lutamos com o choque que se depara à nossa presença? Abraçamos o inesperado como uma nova oportunidade de aprendizagem contínua?
O quanto as nossas expectativas nos podem trair...
Saudades
Fotografia de João Henriques in olhares.com
Saudades...
do que vivi...
do que não vivi...
tempo que corre veloz...
e demora tanto a passar!
o sonho?
Esse vai baloiçando... tonto
nas ondas ora da realidade ora da imaginação!
Enebriante...
confusão de sentidos,
que dá ritmo ao bater do mesmo coração...
Saudades... sempre... em mim
Plumeria alba
A subtileza da natureza revela-se nas coisas mais simples, que são em si plenas de beleza... beleza ao olhar, beleza ao sentir, beleza ao conhecer!
Simples e Belo deve ser também o nosso caminho, não só na chegada mas especialmente ao longo do seu percorrer... não nos deixe-mos cegar com pormenores insignificantes que nos tapam a visão do destino para o qual caminhamos...
morada incerta
Casca
Continuamos a tratar da casca
Continuamos a moldar a casca
Continuamos a remar de costas
E a provar águas quase mortas
E a viver ruas já pisadas
E a levar pedras já usadas
Num saco meio roto
Num saco meio morto
Tentamos não manchar a casca
Para fazer brilhar a casca
Tentamos não parar de costas
Tentamos não falhar respostas
Que nunca nos vejam de fora!!
É para nós que o mundo adora
Passos de dança no chão
É para nós que os olhos olham.
Fingimos não pensar na casca
Tentamos perdoar a casca
Separamos bem e mal
Quando se inspira o real
E se queima o que é vida
Mais uma hora despida
Onde águas não escorrem
E mágoas não morrem
Para quê tirar retratos?
Para quê limpar os fatos?
Para caber na moldura
Não ligar a ruptura
Mandar calar o pó
Deixar ficar o nó
Partir mais uma corda
Expulsar mais uma nódoa
Tentamos disfarçar demónios
Por medo desviamos olhos
Por fuga apagamos fogos
Por escudos renascemos novos
Sem rasto esquecemos lábios
Altivos, rastejamos, sábios
Cada vez mais fundo
No buraco do mundo
Com força agarra-se a casca
Que é só o que nos resta
Que o mastro derreteu
Mais tudo encolheu
Quisemos testar barreiras
E construímos teias
Difíceis de romper
E aqui ficamos presos...na casca.
Casca é tempo que dói
É janela fechada que estilhaça
quando se olha para tras..
Vento é o que bate na cara
É só largar a casca!!
Não se olha para trás!
By Toranja
Cada palavra é uma semente...
Vivemos na época das antinomias. Do máximo bem estar e da maior insatisfação, da extrema segurança e dos medos incontroláveis, das sofisticadíssimas comunicações planetárias e da incapacidade total de comunicar entre as pessoas.
O nosso tempo é um tempo ditatorialmente democrático, é o tempo do domínio absoluto do ruído, do alarido, dos gritos, da desarmonia sonora que já atinge e envolve os seres humanos de todos os povos e de todas as condições sociais.
Sim, se tenho de pensar num factor unificador da nossa época, é justamente o alarido.
O silêncio morreu e, ao desaparecer, arrastou consigo tudo o que constitui a base do ser humano. Não há silêncio no ar à nossa volta, não há silêncio nos espíritos, nos corações. A ausência de silêncio é o triunfo daquilo a que todas as tradições orientais chamam «o macaco» - o nosso espírito - que gera ruídos, grita por causa de uma sombra,s e agita, salta, faz alarido para abafar o alarido dos outros.
O macaco gera um turbilhão constante de impressões, opiniões, alarmes, um rio a transbordar que faz gorar qualquer tentativa de criar, no espírito e no coração, uma estabilidade e uma ordem verdadeiras.
O alarido incomoda-nos. Consultando o dicionário, descobrimos que «incomodar» significa: estorvar, impedir, obstar, desviar, distrair.
Sim, há sempre alguém ou alguma coisa que quer desviar-se do silêncio, evitar que contemplemos a nossa realidade mais profunda, impedir que dessa realidade nasça e cresça a nossa evolução como pessoas.
«O que a irrigação é para as plantas, é o silêncio para o aumento do conhecimento» escrevia Isaac de Ninive no século VI d.e. De facto, sem silêncio, não posso conhecer-me, não posso conhecer o outro. Sem silêncio, não posso abeirar-me da fonte do saber.
Mas de onde vem o alarido? Porque é que não há força que consiga contê-lo?
Se quero plantar uma árvore no fim do Inverno, costumo preparar o terreno no início do Outono. Há sempre um factor determinante que contribui para o nascimento e a evolução de um acontecimento novo. Por isso o século xx, com o seu rasto trágico de ideologias, niilismo, guerras e extermínios, semeou no novo milénio a bomba-relógio do relativismo ético.
O bem e o mal já não são valores reconhecíveis colectivamente, são derivas do sentimentalismo individual. Se o bem não existe em si, passa a ser bem o que me agrada, o que me satisfaz, e, por conseguinte, mal é aquilo de que não gosto, o que me inquieta, me faz sentir mal.
Graças ao relativismo ético, a nossa sociedadl; renunciou à sua função educativa. A família não educa, a escola não educa, o contexto civil não educa.
De facto, educar significa conduzir, apontar um caminho, mas, para isso, haveria que saber o rumo a seguir. Como se pode apontar um caminho, se a vida é um vaguear sem destino, se não há limites a respeitar, horizontes a atingir? Portanto, mais vale confiar no acaso, a bondade natural do ser humano fará o seu papel e do resto tratarão os acontecimentos com que iremos deparar que nunca serão bons, nem maus e de que, além do mais, não seremos minimamcnte responsáveis.
A tarefa principal dos pais modernos parece; ser apenas a de não criarem obstáculos (que poderiam provocar traumas incuráveis), não estabelecerem limites (para não correrem o risco de cortar as assas à natural criatividade infantil). Pensa-se que será a sabedoria inata da criança a fazê-la escolher o caminho que a levará a realizar-se da melhor forma.
Há um belíssimo provérbio africano que diz: «Para se educar uma criança, é preciso uma aldeia inteira.»
E é mesmo assim, precisa-se da variedade e da diversidade das relações e, ao mesmo tempo, da coesão de uma comunidade que respeita e faz respeitar as suas leis.
Talvez seja por isso que a acanhada família mononuclear, apesar de todos os seus cuidados e subtilezas pedagógicas, gera, na maior parte dos casos, crianças eternas, capazes de conjugar até ao infinito um único e importuno verbo: «Eu quero». E ninguém reparou - ou melhor, ninguém quis reparar - que, entretanto, o provérbio africano foi assumido a nível planetário. Só que já não é o conjunto dos parentes - ou seja, o contexto social feito de pessoas, rostos, histórias humanamente compreensíveis - que educa, mas a anónima e poderosíssima e subtilmente perversa aldeia global.
Perante a abulia educativa dos pais, perante a apatia da escola e a ausência de um grupo formativo, a comunidade educadora passa automaticamente a ser a que é constituída pelo rosto opaco dos mass media, da grande antena que domina e envolve os nossos dias com o seu constante grasnar.
É ela que nos diz no que devemos acreditar e o que devemos desprezar, o que escandaliza e o que, pelo contrário, deve merecer o nosso aplauso. É ela que nos impõe a certeza de que, sem a posse de alguns objectos determinados, resvalaremos para o grande mar dos zés-ninguéns. Como é natural, tudo acontece de uma forma democrática, desprovida de obrigações. Na verdade, para evitar rebeliões, temos de estar convencidos de que somos sempre nós - e só nós - que escolhemos. Mas será mesmo assim?”
A Vida não Pára!
Mesmo quando o tudo pede um pouco mais de calma
Até quando o corpo pede um pouco mais de alma
A vida não pára
Enquanto o tempo acelera e pede pressa
Eu me recuso faço hora vou na valsa
A vida é tão rara
Enquanto todo mundo espera a cura do mal
E a loucura finge que isso tudo é normal
Eu finjo ter paciência
O mundo vai girando cada vez mais veloz
A gente espera do mundo e o mundo espera de nós
Um pouco mais de paciência
Será que é o tempo que lhe falta pra perceber
Será que temos esse tempo pra perder
E quem quer saber
A vida é tão rara (tão rara)
Mesmo quando tudo pede um pouco mais de calma
Mesmo quando o corpo pede um pouco mais de alma
Eu sei, a vida não para
Paciência By Lenine
... mas podemos aprender a saboreá-la... mas sobretudo valorizá-la:D
para curiosos: http://www.youtube.com/watch?v=HZnvUNVkKfY
Memories
Memories Mayor Mente
In this world you tried
Not leaving me alone behind
There's no other way
I'll pray to the gods let him stay
The memories ease the pain inside,
Now I know why
All of my memories keep you near
In silent moments
Imagine you be'd here.
All of my memories keep you near,
Your silent whispers, silent tears
Made me promise I'd try
To find my way back in this life
I hope there is a way
To give me a sign you're okay
Reminds me again it's worth it all
So I can go home
All of my memories keep you near
In silent moments
Imagine you be'd here
All of my memories keep you near
Your silent whispers, silent tears
Together in all these memories
I see your smile
All the memories I hold dear
Darling, you know I'll love you
till the end of time
All of my memories keep you near
In silent moments,
Imagine you be'd here
All of my memories keep you near,
Your silent whispers, silent tears
All of my memories...
By Within Temptation
Try
de alma plena...
Lugares
Tão perto e tão longe...
O que vêem nesta mão?
Fotografia de Luís M. Gomes in olhares.com
Dedos de uma mão, de uma mão estendida, estendida para cima...
O que vêem nesta mão?
Mão que dá? Mão que recebe? Mão que quer? Mão que espera? Mão que se estende a quem a vier buscar? Mão que pede? Mão vazia? Mão cheia? Cheia de vontade? Cheia de pedidos? Cheia de Medos? Cheia de Dúvidas? Cheia de esperança? Cheia de defesas? Cheia de amor? Cheia de incertezas? Cheia de humildade? Cheia de querer? Cheia de coragem? Uma mão que se estende a todos nós todos os dias.... Mão nossa, Mão alheia, Mão humana que muda a sua história todos os dias... umas vezes é Mão que dá, mão cheia... outras vezes é Mão vazia que recebe...
Que todos nós tenhamos a humildade de saber ser todas estas mãos quando for tempo de as ser!
Coração Polar
Fotografia de L Du Lac in olhares.com
Não sei de que cor são os navios
quando naufragam no meio dos teus braços
sei que há um corpo nunca encontrado algures no mar
e que esse corpo vivo é o teu corpo imaterial
a tua promessa nos mastros de todos os veleiros
a ilha perfumada das tuas pernas
o teu ventre de conchas e corais
a gruta onde me esperas
com teus lábios de espuma e de salsugem
os teus naufrágios
e a grande equação do vento e da viagem
onde o acaso floresce com seus espelhos
seus indícios de rosa e descoberta.
Não sei de que cor é essa linha
onde se cruza a lua e a mastreação,
mas sei que em cada rua há uma esquina
uma abertura entre a rotina e a maravilha.
Há uma hora de fogo para o azul
a hora em que te encontro e não te encontro
há um ângulo ao contrário
uma geometria mágica onde tudo pode ser possível
há um mar imaginário aberto em cada página
não me venham dizer que nunca mais
as rotas nascem do desejo
e eu quero o cruzeiro do sul das tuas mãos
quero o teu nome escrito nas marés
nesta cidade onde no sítio mais absurdo
num sentido proibido ou num semáforo
todos os poentes me dizem quem tu és.
Manuel Alegre (1936) in Poemas de Amor
Piano (Michael Nyman)
Si Conocieras el Don de Dios
Si conocieras como te amo, si conocieras como te amo
dejarias de vivir sin amor,
si conocieras como te amo, si conocieras como te amo
dejarias de mendigar cualquier amor,
si conocieras como te amo, como te amo
Serias mas feliz.
Si conocieras como te busco, si conocieras como te busco
Dejarias que te alcanzara mi voz ,
si conocieras como te busco, si conocieras como te busco
dejarias que te hablara al corazon,
si conocieras como te busco, como te busco
escucharias mas mi voz.
Si conocieras como te sueño, si conocieras como te sueño
Me preguntarias lo que espero de ti,
si conocieras como te sueño, si conocieras como te sueño
buscarias lo que he pensado para ti,
Pensarias mas en mi.
(Si Conocieras el Don de Dios) Música de Hermana Glenda
...
Há dias em que nos sentimos pequeninos, muito pequeninos... em que nos sentimos extremamente vulneráveis e mesmo não querendo tornamo-nos susceptíveis a qualquer "ameaça" exterior... sem forças para encontrar a Força dentro de nós... mesmo sabendo que ela existe algures...
Sou...
Nova imagem!
Para marcar uma nova imagem deste espaço,
simples?
o l h o s d o s e n t i r
Amanhã é sempre um novo dia!
O amanhã está perto, tão perto!... e com ele vem a oportunidade de mais um dia inteirinho para fazer tudo o que podemos fazer, e ainda o que podemos duvidar sermos capazes de fazer...
salto... ou... não salto?
May it Be
May it be an evening star
Shines down upon you
May it be when darkness falls
Your heart will be true
You walk a lonely road
Oh! How far you are from home
Mornie utúlië (darkness has come)
Believe and you will find your way
Mornie alantië (darkness has fallen)
A promise lives within you now
May it be the shadows call
Will fly away
May it be you journey on
To light the day
When the night is overcome
You may rise to find the sun
ENYA
Loucura
"Há sempre alguma loucura no amor. Mas há sempre um pouco de razão na loucura" Nietzsche
novo ano à vista
Chega ao fim mais um ciclo de 365 dias que preenchem o calendário de mais um ano. Este ano, como todos os outros, está replecto de memórias, de crescimento, de progressos, de inovações, de descobertas, mas também de alguns enganos, de erros, de crueldades, de injustiças. No entanto quero acreditar que há um sentido maior que prevalece, que nos diz que vale a pena continuar a sonhar, e ainda mais, que vale a pena arriscar os nossos sonhos, que eles têm uma razão de ser, que é isso que faz o mundo continuar a girar, mesmo que às vezes seja mais devagar do que desejariamos. Claro que todos nós temos um papel importante neste girar do nosso mundo, todos nós temos a responsabilidade em mãos e é este compromisso que devemos respeitar e cumprir para que o próximo ano possa ser um pouco melhor do que o anterior... Nesta época do ano torna-se quase inevitável repensar as nossas atitudes, comportamentos e pensamentos, chega a nostalgia do que passou, do que foi e do que poderia ter sido. Esboçam-se novas estratégias e afinam-se as prioridades... afinal já passou mais um ano e no final já somos um bocadinho diferentes daquilo que éramos no início do ano, muita coisa aconteceu, novas pessoas surgem na nossa vida enquanto que outras saem sorrateiramente, descobrimos novos interesses, novas qualidades e habilidades, percebemos um pouco melhor do que se passa à nossa volta e percebemos qual o nossso contributo para o mundo, para a sociedade, para os que estão mais próximos de nós e para aqueles que não conhecemos... Claro que surgem novas dúvidas, novos desafios que irão continuar a moldarnos ao longo do ano que se aproxima! Assim resta-me desejar a todos um excelente ANO NOVO, que consigam realizar os vossos sonhos e se se realizem pessoalmente!
Cinderela
Ela tem cabelos louros,
Numa outra brincadeira
Uns olhares envergonhados
Foram juntos outro dia,
Ela corou um pouquinho
Então
Bate, bate coração
Louco, louco de ilusão
A idade assim não tem valor.
Crescer
Ela, quando lá o viu,
Então ...
E agora, nos recreios,
E, num desses momentos,
Como seria a comunicação sem falar?
"Como seria a comunicação sem falar?
Primeiro o olhar, o encontro sedutor e misterioso dos olhos, depois o sorriso, mas não muito aberto, apenas o suficiente para dizer sim.
De seguida o passo em frente, aquele que provoca ansiedade, que nos corta a respiração, o que faz parar o tempo, o que apaga o resto do mundo.
De novo o sorriso, agora largo e franco deixando tudo o que seja dele entrar em mim e, então timidamente, o primeiro toque, o primeiro abraço, o mergulho no conforto, na segurança.
E só aí aparece, pela priveira vez, a sensação de dois num só!"
Teresa Sampaio
Espírito de Natal
Afinal o que é o Natal?
Mas, ao mesmo tempo, o Natal é a festa em que os cristãos mais resmungam. Grande parte dos cristãos passa o Natal a criticar o mundo pela forma como ele celebra o Natal. O mundo passa o Natal a comprar presentes, a comer fritos e a enfeitar árvores. Os cristãos passam o Natal a fazer exactamente o mesmo. Mas a achar que os outros, ao fazerem isso, não têm espírito de Natal.
Além disso, muitos cristãos bem intencionados desvalorizam o Natal. Eles acham que "o Natal devia ser sempre", que "Natal é quando um homem quiser" ou que "o Natal não interessa porque está destruído pelas compras e pelos banquetes". Assim, para muitos cristãos, o Natal não é a festa única que realmente é, porque deveria ser outra coisa. Tudo isto mostra que existe, sem dúvida, um mistério no Natal. Por que razão tanta gente gosta do Natal? Por que razão tantos se zangam pela forma como os outros gostam do Natal? Visto por fora, o Natal é composto pelas compras, pelos fritos, presentes e pela festa da família.
Mas, afinal, qual é o mal das compras, dos enfeites e dos fritos? No fundo, os presentes de Natal significam que, durante uma época do ano, nós andamos a procurar dar coisas a quem gostamos e a mostrar-lhes que gostamos deles. As festas, os jantares e os enfeites servem para nos sentirmos felizes com os outros. Tudo isso são coisas boas.
Além disso, por causa do Natal, anda tudo bem disposto, com "espírito natalício". Junta-se a família que não se vê há tempos. Somos simpáticos para os estranhos. Até damos esmolas e presentes a desconhccidos. As empresas celebram o Natal connosco. Enfeita-se as ruas e pensa-se nos pobres. Tudo isto porque é Natal.
É claro que há muita hipocrisia, que há muito consumismo, que há muito oportunismo. Não há dúvida de que se dá brinquedos a mais e a digestão é mais difícil. Têm razão quando dizem que frequentemente falta o verdadeiro espírito e que, além disso, deveria ser todo o ano. Mas esse mal não vem do Natal. O mal já lá estava nas pessoas. E no Natal é disfarçado, diminuído, por vezes vencido. Nós somos maus. O Natal, esse, é muito bom e até nos faz um bocadinho menos maus.
O que se passa connosco quando criticamos o Natal é que nós somos idealistas, e não realistas. Dizer que é pouco e deveria ser mais não é uma atitude cristã. O cristão sabe que sofre da mancha do pecado original e da manha da natureza humana. Se percebermos que a nossa natureza é pecadora, em vez de lamentarmos que só haja Natal um dia por ano, deveríamos era estar agradecidos por haver Natal.